O Ciclo "Poesia Trasmontana e Alto-Duriense" prosseguiu no dia 14 de Outubro com uma sessão dedicada a José Gonçalinho de Oliveira.
Gonçalinho de Oliveira nasceu em 1916 no concelho de Lamego, mas passou a maior parta da vida em Vila Real, onde desenvolveu a sua actividade profissional de funcionário dos CTT. Figura muito discreta e avessa às luzes da publicidade, e tendo embora escrito milhares de poemas, apenas publicou um livro em vida: Musa antiga, de 1958, com prefácio de António Cabral. Em 2005 os Serviços de Cultura da Câmara Municipal de Vila Real publicaram postumamente Poemas.
Nas suas composições descobrem-se ecos da poesia visionária e nebulosa de Teixeira de Pascoais, do pendor reflexivo de Antero de Quental, do terno lirismo de Afonso Duarte, dos frescos madrigais de João de Deus e até dos vilancetes do Cancioneiro geral.
Faleceu em Vila Real, em 21 de Novembro de 1993.
O escritor António Modesto Navarro, natural de Vila Flor e radicado em Lisboa, com obra muito vasta sobretudo na área da ficção, lançou em 5 de Junho de 2008, na Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro da capital, o seu último romance, intitulado Mulher desaparecida a sul. Apresentou o livro Domingos Lobo, de cuja intervenção transcrevemos a parte final: «Mulher desaparecida a sul é, portanto, uma novela vigorosa e sensível, abordando os nossos medos face a um mundo que desaba e do qual não sabemos prever o futuro que virá.»
Também Alexandre Parafita, que já publicou um extenso rol de livros de literatura infanto-juvenil, tem obra nova, ainda nessa área: Lobos, raposas, leões e outros figurões, publicada com a chancela da Texto Editores. Lemos na imprensa: «Com ilustrações de Alberto Faria, esta obra é constituída por sete histórias de animais, recriadas a partir da tradição oral transmontana e narradas numa linguagem lúdica, ritmada e saborosa.»
O Grémio Literário Vila-Realense acaba de publicar em edição fac-similada o livro Naquele tempo… (Recordações da mocidade), da autoria de Lotelim. Esta edição constitui o número 17 da Colecção Tellus.
O livro é uma colecção de contarelos alegadamente verídicos, protagonizados por diversas figuras típicas de Vila Real nas primeiras décadas do séc. XX. Foi publicado em primeira edição em 1940, na Imprensa Artística, de Vila Real, e no âmbito das Comemorações do Duplo Centenário.
Naquele tempo… foi apresentado por A. M. Pires Cabral, em sessão realizada no dia 23 de Setembro de 2008, às 21h30, no Auditório da Biblioteca Municipal Dr. Júlio Teixeira.
Lotelim é pseudónimo do advogado Joaquim de Azevedo (1870-1950), nascido na povoação de Linhares, S. Tomé do Castelo, concelho de Vila Real, de quem ignoramos outras circunstâncias bio-bibliográficas.
Jorge Laiginhas é decerto um dos valores mais sólidos da actual literatura de ficção trasmontana e alto-duriense. Senhor de uma técnica narrativa seguríssima, de uma linguagem ágil e bem servida de metáforas, tem vindo a publicar regularmente os seus romances, numa primeira fase muito ligados ao Douro natal e agora, numa segunda fase, mais presos a personagens e factos da vida nacional.
É assim que acaba de surgir, com a chancela de O Quinto Selo, O Padroeiro da Ibéria – D. Nuno Álvares Pereira, título que se afigura contraditório, dado que o Santo Condestável foi exactamente um dos travões ao iberismo, mas que o desenrolar do entrecho acaba por justificar.
Neste romance que se lê dum fôlego, não obstante as suas 260 páginas e a estrutura algo invulgar, Jorge Laiginhas faz a apologia do Iberismo, uma das ideias mais polémicas, mas também mais recorrentes, do nosso pensamento político. De resto esta sua opção pela Ibéria é tão enraizada, que na badana do livro se lê: «Jorge Laiginhas nasceu na aldeia de Safres, Península Ibérica (…)»
Chegaram ao Grémio Literário Vila-Realense três novos livros de autores nossos. Pela ordem por que os recebemos: - O sumo das pedras de Bragança, de Pêra Fernandes. O Autor, natural de Palaçoulo, Miranda do Douro, e radicado em Bragança, faz uma ronda pelos edifícios nobres daquela cidade. Embora mais em jeito de crónica e evocação pessoal do que de estudo, vai-nos avançando dados interessantes sobre o notável património arquitectónico local. - Audácia, de Damas da Silva, escritor e jornalista reguense, com a chancela de Garça Editores. É mais um romance a acrescentar à já numerosa ficção de temática alto-duriense, situado na aldeia designada pelo criptónimo Mira Douro. Surpreende pela desenvoltura narrativa e pela correcção linguística. - Agora, nós, de José Braga-Amaral, nome já feito da literatura alto-duriense, com obra significativa. É um volume de crónicas, também com a chancela de Garça Editores. Na contracapa, lêem-se palavras de Baptista-Bastos: «Gosto muito da escrita de José Braga-Amaral. O cuidado que põe na escrita possui algo de extremoso, porque resulta de um acto de amor e de uma demonstração de grandeza. Amor pela língua, grandeza em a desposar no imemorial leito da criação.» |