FALECEU NÉLSON VILELA

nelson vilelaVítima de doença prolongada, faleceu no passado dia 19 de Março o poeta Nélson Vilela.
Nélson Vilela era natural de Vilarinho da Samardã, onde nasceu em 1933 de uma família muito numerosa. Apesar de ter cursado Teologia, nunca se dedicou à vida eclesiástica, tendo em vez disso exercido funções docentes em diversas escolas, acabando por se aposentar como professor da Escola Básica 2,3 André Soares, em Braga, cidade onde residia.
Homem de grande modéstia e discrição, Nélson Vilela afastava-se voluntariamente de toda e qualquer publicidade, o que de algum modo terá influenciado a circulação restrita das suas obras.
Publicou os seguintes títulos: Saudade, Asas de espuma, Inquietação, Sobre a terra e sobre o mar, Mar e sombras, Pedaços do mesmo sonho, Regresso, Sempre em caminho, O livro de Carla, Entre urgueiras e carquejas, e O sal e as lágrimas. Publicou também um ensaio, Linguagem humana, e organizou o volume Uma vista de olhos pela poesia portuguesa.

FALECEU AMADEU FERREIRA

amadeu ferreiraFaleceu no dia 1 de Março de 2015 o escritor Amadeu Ferreira, vítima de doença que o minava há alguns meses — mais um rude golpe na cultura e literatura trasmontanas. Contava 64 anos.
Amadeu Ferreira, que era Presidente da Direcção da Academia de Letras de Trás-os-Montes, deixa uma imagem de homem afável e generoso, de uma energia inquebrantável e de uma multiplicidade surpreendente de interesses e actividades. Para além de professor de Direito e de vice-presidente da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, o Grémio Literário Vila-Realense recorda-o sobretudo como romancista e poeta de elevada qualidade, e também como o grande paladino do Mirandês, língua para a qual traduziu, sob o pseudónimo de Fracisco Niebro, obras importantes como Os Lusíadas, os Evangelhos, e Mensagem, de Fernando Pessoa, entre outras.
Realizou-se no dia 5 de Março na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, a sessão de lançamento da sua biografia (O fio das lembranças, da autoria de Teresa Martins Marques), e do seu último livro de poesia, Belheç / Velhice (bilingue mirandês / português).

CICLO ‘ESCRITORES VILA-REALENSES’ – 2.ª JORNADA

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Realizou-se no passado dia 21 de Fevereiro, com número recorde de participantes, a 2.ª jornada do Ciclo 'Escritores Vila-Realenses', com que o Grémio Literário Vila-Realense pretende divulgar algumas figuras de escritores naturais do concelho.
Nesta jornada foi feita uma visita a Vale de Nogueiras, terra natal do Escritor A. Passos Coelho, ficcionista e poeta, que evocou algumas figuras, lugares e acontecimentos que lhe serviram de inspiração. O Dr. Passos Coelho facultou igualmente uma visita à sua biblioteca, instalada num anexo adaptado para o efeito, junto da casa de família que recuperou, e ofereceu a todos os participantes um exemplar do opúsculo de sua autoria, O Compõe.
À tarde, a jornada prosseguiu em S. Pedro Velho, Mirandela, onde nasceu José Custódio, que a lenda vila-realense considera ser o Santo Soldado. Aí foi apresentada pela Urze Teatro uma peça baseada na mesma lenda.
A próxima jornada terá lugar a 4 de Julho.

MORADA, POESIA REUNIDA DE RUI PIRES CABRAL

rui cabralA Assírio & Alvim, uma das nossas mais prestigiadas editoras de poesia, acaba de publicar um grosso volume que reúne toda a obra poética de Rui Pires Cabral, à excepção dos livros de poemas-colagens que apareceram nos anos mais recentes, de que é exemplo Oh! Lusitania. Inclui ainda Evasão e Remorso — um conjunto de poemas que ainda não havia sido publicado em livro — e uma secção final com alguns textos dispersos e inéditos, para além de alguns desenhos de Daniela Gomes (artista vila-realense) e uma colagem de Martin Copertari na capa. Tem o singelo título de Morada.
A obra dá-nos uma perspectiva completa sobre a poesia de Rui Pires Cabral, onde estão presentes os seus cenários recorrentes: o paraíso perdido da infância, onde houve inúmeros momentos de felicidade e companheirismo, revisitado com referência explícita a muitos dos lugares onde decorreu; as andanças pela Europa, fonte de conhecimento mas também de angústias; o quotidiano baço de Lisboa, igualmente motivador de inquietações e inadequações. O poeta dirige-se frequentemente a si próprio, modo de pôr a tónica na permanente questionação do sentido da existência — ou da falta de sentido, ou mesmo, muitas vezes, do seu absurdo. «Se nos cruzássemos nas ruas desta cidade// entre desconhecidos de toda a sorte, talvez/ nos sentássemos a falar da nossa vida, isto é,/ de como vamos ficando cada vez mais órfãos/ de nós próprios. Ou, pensando bem, talvez não.»

DESASSOSSEGOS, DE RIBEIRO AIRES

ribeiro alvesJoaquim Ribeiro Aires, que tem ultimamente andado algo arredio da poesia, para se dedicar a trabalhos de fôlego notável de natureza historiográfica, regressou recentemente à modalidade em que iniciara a sua carreira literária em 1985, ano de publicação do livro de poemas Esta cidade onde moro. Fê-lo com o livro Desassossegos, em que reúne mais de meia centena de poemas, divididos por temas muito diversificados.
Trata-se de uma poesia de fácil e amena leitura, que recusa as escabrosidades herméticas de certa poesia moderna. Poemas marcados a fogo por uma certa insatisfação: «Estes são os versos/ Da minha inquietação/ Que é um não sei quê/ Permanente/ De nunca estar contente.»
O livro, que sai com uma bela capa de Chi Pardelinha, é da responsabilidade da editora vila-realense Maronesa.

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